INFLAÇÃO: SE EU NÃO A VEJO NA CONTABILIDADE, NÃO EXISTE?

Autores

  • Raquel Wille Sarquis Universidade de São Paulo (FEA/USP) – São Paulo (Brasil)
  • Eduardo da Silva Flores Universidade de São Paulo (FEA/USP) – São Paulo (Brasil)
  • Denise de Freitas Bittar-Godinho Faculdade FIPECAFI – São Paulo (Brasil)
  • Eliseu Martins Universidade de São Paulo (FEA/USP) – São Paulo (Brasil)

Resumo

O suposto controle da inflação e a falsa ideia da sua extinção em 1994 com a entrada do Plano Real no Brasil desobrigaram a aplicação do modelo de correção monetária nas demonstrações financeiras, levando à ilusão (universalizada, inclusive) de que os efeitos da inflação nas demonstrações contábeis não seriam relevantes para as análises e decisões. Desprezou-se a inflação acumulada de dezembro de 1995 até meados de 2017 de 291%. Para evidenciar erros danosos mesmo em períodos de “baixa” inflação, utilizou-se o modelo de correção monetária de balanços (CMB) utilizado oficialmente até 1995 para reconhecer os efeitos inflacionários nas demonstrações de uma amostra de 53 empresas, 48 não financeiras e 5 financeiras da base de dados da Melhores & Maiores no período de 2010 a 2016. Esse cálculo é conservador, porque considerou apenas a inflação desse período, como se nunca tivesse havido inflação entre 1995 e 2010. Mesmo com essas restrições, em geral os resultados evidenciaram diferenças médias muito materiais entre os valores corrigidos e nominais de 59% no Retorno Sobre o Ativo (ROA) e de 44% no Retorno Sobre o Patrimônio Líquido (ROE). Em relação ao custo da dívida e ao Grau de Alavancagem Financeira (GAF), assuntos pioneiramente tratados na literatura, essas diferenças são de expressivos 88% e 117%, respectivamente. Por fim, verificou-se que 75% (40 em 53) das empresas estão distribuindo lucros maiores do que seria distribuído pelas demonstrações corrigidas, e algumas, menores.

Biografia do Autor

Raquel Wille Sarquis, Universidade de São Paulo (FEA/USP) – São Paulo (Brasil)

Bacharel em Ciências Contábeis pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Mestre e Doutora em Contabilidade pela Universidade de São. Paulo (FEA-USP). Professora do Departamento de Contabilidade e Atuária da Universidade de São Paulo (FEA-USP).

Eduardo da Silva Flores, Universidade de São Paulo (FEA/USP) – São Paulo (Brasil)

Membro do Conselho Consultivo da Fundação IFRS. Professor do Departamento de Contabilidade e Atuária da FEA-USP. Doutor e Pós-Doutor em Contabilidade FEA-USP. Bacharel em Atuária e Contabilidade. Pós-Doutor em Finanças EAESP-FGV.

Denise de Freitas Bittar-Godinho, Faculdade FIPECAFI – São Paulo (Brasil)

Mestra em Contabilidade e Controladoria, Bacharel em Administração de Empresas pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e bacharel em Ciências Contábeis pela Faculdade Trevisan. Professora de Pós-graduação em controladoria e políticas contábeis nas instituições: Fipecafi; Fecap; Trevisan; e Unifaj. Atuei como auditora externa na Deloitte Touche Tohmatsu, migrando internamente para área de consultoria técnica e suporte para ofertas iniciais de públicas ações (Initial Public Offering -
IPOs), durante três anos e meio. Na Siemens, ao longo de sete anos, atuei na área de políticas contábeis central, em seguida me especializando em políticas e procedimentos de gestão e contabilização de projetos e contratos de longo prazo.

Eliseu Martins, Universidade de São Paulo (FEA/USP) – São Paulo (Brasil)

Professor Emérito das Faculdades de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo – FEA, São Paulo (Capital) e FEARP, Ribeirão Preto (SP); ex-Diretor das duas faculdades. Autor de
livros e artigos na área contábil. Membro Convidado do CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Ex-Diretor da Comissão de Valores Mobiliários (duas gestões). Ex-Diretor de Fiscalização do Banco Central. Parecerista Contábil.

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Publicado

2021-04-30

Edição

Seção

Artigos - Contabilidade Financeira, Auditoria e Tributação